Como estimular a busca pela aprendizagem e não pela nota?

Estudar para tirar uma boa nota, passar de ano, prestar vestibular, se formar. Esta é a caminhada que os estudantes vivenciam durante os anos na educação básica. Avaliações e mais avaliações. Até onde a avaliação tradicional das escolas evidenciam o quão o estudante aprendeu? Ou mesmo, como transformar o processo de estudar em aprendizagem e não somente em nota?

Os processos avaliativos fazem parte desta trajetória educacional, porém, atualmente ela ganha um novo papel, passando de um instrumento meramente classificatório para um instrumento direcionador e orientador da aprendizagem.

Quando a avaliação é embasada só em tirar notas, os resultados se referem a classificação e rotulação, apontando dados apenas de uma parte do processo, o que gera expectativa de sucesso ou fracasso, limitando a certo ou errado, ao bom e ao mau estudante. Além disso, reduz o processo de avaliação a uma prova ou exame, desconsiderando as demais fases do processo de aprendizagem.

Diante das demandas atuais, de um mundo não linear, ansioso, frágil e incompreensível a aprendizagem precisa acompanhar essas necessidades e promover o desenvolvimento de habilidades para responder a essas demandas. Assim o modelo de avaliação, exclusivo baseado em notas, é old school. Para uma educação atenta as demandas atuais, há uma necessidade urgente em valorizar a experiência do estudante na construção do conhecimento e no seu desenvolvimento como pessoa, para assegurar:

  • aprender a aprender: num mundo de informações selecionar, relacionar e organizar informações é um recurso que faz toda a diferença para o cidadão do século XXI;
  • aprender a tomar decisão: fazer escolhas e responder responsavelmente por elas;
  • trabalhar colaborativamente: as empresas contratam pela competência e dispensam por causa de atitudes e comportamentos.

 

Se temos a expectativa de que os estudantes desenvolvam habilidades complexas nas mais diversas áreas e disciplinas, tais como resolver problemas colaborativamente, argumentar e criticar argumentos, pesquisar de modo profundo e criterioso, há necessidade validar esse desenvolvimento. Nesta perspectiva, a aprendizagem deve acontecer através de uma metodologia que proporciona sentido, que possa ser vivenciada na prática e traga desta as perguntas e respostas para a aprendizagem significativa e o estudante, por usa vez, deve ser entendido como o centro do processo de aprendizagem. Nesta lógica, as aprendizagens que acontecem dentro deste processo são avaliadas por meio das suas evidências e não apenas pela quantidade de acertos em uma prova ou teste.

Assim, avaliação deve ser for meio das evidências de aprendizagem, tenho uma mescla nos processos avaliativos: avaliação somativa e avaliação formativa.

A avaliação somativa tem como objetivo avaliar de maneira geral o grau em que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao longo e no final da etapa, incluído a síntese a respeito das aprendizagens, focando na hierarquização de excelências. Tem como função classificar o estudante ao final do percurso, segundo níveis de aproveitamento e o rendimento alcançado tem como parâmetro objetivos previstos.

Já a avaliação formativa tem como foco a promoção da aprendizagem em processo, se referendo a um conjunto de práticas inter-relacionadas que de forma comprovável, melhoram a aprendizagem dos alunos. É desenhada para informar aprendizagem durante o processo e as evidências coletadas são realmente utilizadas para adaptar o ensino às necessidades dos estudantes, que são ativamente envolvidos, recebendo e emitindo feedback sobre si e sobre os colegas. A lógica neste processo é a regulação das aprendizagens e um dos instrumentos que pode ser usado para avaliar habilidades de mais alta complexidade é associar rubricas de avaliação a outros instrumentos de avaliação diferenciados.

A rubrica promove benefícios para todo o processo avaliativo, uma vez que se refere a um conjunto coerente de critérios que inclui descrições dos níveis de qualidade de performance para cada critério, dando transparência ao processo, potencializando as aprendizagens. Também constituem ferramentas de apoio ao aprendizado do estudante e ao seu desenvolvimento integral, pois conduzem a práticas de aprendizagem mais adequadas aos estudantes, ao longo de todo o percurso.

Para o professor, promove clareza quanto a tarefa e o objetivo de aprendizagem, foca no critério e não na tarefa e busca referência ao resultado da aprendizagem, permitindo tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.

Nesta perspectiva o estudante se encontra nela, levando a reflexão sobre onde está, traça onde quer chegar e sabe como é o próximo nível de exigência. Desafia a crescer, trabalha com autoavaliação e dando visibilidade as habilidades desenvolvidas, tanto as cognitivas quanto socioemocionais. E para a família dá transparência do processo avaliativo, uma vez que sabe onde filho está e onde deve chegar, quais os critérios foram utilizados, quais as habilidades foram desenvolvidas, o que aprendeu de forma visível e como ajudar.

Com essa proposta, a escola cumpre seu papel com excelência na formação de qualidade e atenta às demandas atuais e os estudantes são mais preparados para os desafios da vida: aprendizagem garantida e sucesso em sua trajetória.