Conflito de gerações: como pais e jovens podem abordar a escolha do curso universitário?

A escolha do curso universitário é um dos momentos mais desafiadores para os jovens que concluem o Ensino Médio. Esse período, frequentemente marcado por indecisões e expectativas, pode se tornar um campo de tensão entre gerações. De um lado, os pais, guiados por experiências prévias e pela busca de estabilidade. Do outro, os jovens da Geração Z, que priorizam significado, desafios e inovação em suas escolhas profissionais. Esse embate de perspectivas muitas vezes resulta em um conflito geracional que impacta o ambiente familiar. 

A importância do diálogo 

A Geração Z se caracteriza por uma busca intensa por propósito e dinamismo profissional, o que pode gerar desconforto entre os pais que valorizam carreiras tradicionais. Para evitar desentendimentos, o diálogo deve ser priorizado. É fundamental que os pais pratiquem a escuta ativa, permitindo que seus filhos expressem seus anseios sem sentir pressão para seguir caminhos que não os motivam. Da mesma forma, os jovens precisam comunicar suas escolhas de forma assertiva, demonstrando conhecimento sobre as oportunidades do mercado de trabalho. 

Esse processo comunicativo, no entanto, nem sempre é simples. Pressões sociais e expectativas familiares podem dificultar a compreensão mútua. Assim, é essencial que os pais reconheçam a autonomia de seus filhos e permitam que trilhem seu próprio caminho profissional. 

O papel da educação e do mercado 

As instituições de ensino também desempenham um papel crucial nesse cenário, fornecendo ferramentas de orientação profissional para auxiliar tanto jovens quanto seus pais. Programas de aconselhamento, visitas a universidades e bate-papos com profissionais de diversas áreas são fundamentais para ampliar a compreensão sobre as possibilidades do mercado. 

A transformação do mundo do trabalho também deve ser levada em conta. Segundo a consultoria McKinsey, cerca de 50% das ocupações atuais poderão ser automatizadas até 2030, reforçando a necessidade de novas competências. Profissões emergentes ligadas à tecnologia, à inteligência artificial e à ciência de dados demonstram que a rigidez na escolha de carreiras pode ser contraproducente. 

O conflito entre gerações na escolha do curso universitário pode ser amenizado por meio do diálogo e do acesso a informações atualizadas sobre as demandas do mercado. A pressão para seguir determinadas trajetórias pode resultar em frustração e desistência do curso, prejudicando tanto o jovem quanto sua relação com a família. 

Cabe aos pais oferecerem apoio, respeitando a individualidade de seus filhos e buscando compreender as novas realidades profissionais. Paralelamente, os jovens devem se posicionar com clareza, demonstrando seus interesses e aspirações. Somente por meio desse equilíbrio entre segurança e realização será possível construir uma trajetória acadêmica e profissional bem-sucedida. 

Pamela Suelli da Motta Esteves
Professora de Educação Básica do Rio de Janeiro