Passamos uma parte significativa da vida na escola. Há quem amplie esse tempo com atividades extracurriculares, distanciando-se ainda mais de casa e do convívio com os familiares. E, com essa distância, seria necessária uma maior integração entre a família e Escola, com convergência de crenças, princípios e valores. É nesse contexto que vem a pergunta: o que aprendemos na Escola e que influencia na constituição do ser humano que somos?
Entender que o espaço escolar vai muito além de aprender conteúdos das diversas áreas do conhecimento implica a responsabilidade de ter um olhar atento à jornada que o estudante percorre desde a entrada até a saída do Colégio: convívio em grupo, construção de identidade, postura frente aos desafios. O que mais aprendemos na Escola que nos forma como cidadãos, para dentro e fora dela?
Além de habilidades e competências cognitivas e comportamentais, a Escola possui um papel social em educar pessoas para serem agentes transformadores. Dentro dessa rede de saberes e aprendizagens, destacamos os valores humanos desenvolvidos com intencionalidade pedagógica nas experiências empreendidas pelo estudante e mediadas pelo professor.
Junto à matriz curricular de habilidades e conteúdos, trabalhamos a matriz de competências socioemocionais, de forma que as vivências propostas aos estudantes integrem ambas as esferas do currículo, articulando a construção do “ser”, a prática do “fazer” e o desafio de “conviver”, respeitando as diferenças e ampliando a abertura do ser humano para sua essência.
COMO INSPIRAR A SER MELHOR A CADA DIA?
Certamente, acreditar em um ser humano mais conectado consigo mesmo e mais integrado universalmente é quase sempre pensado como utopia. Imagine, então, explicar aos estudantes que são eles os responsáveis por essa construção?!
Nesse sentido, um dos grandes desafios das Escolas é orientar os estudantes para que tenham uma perspectiva mais positiva frente ao futuro. Por isso, não se trata apenas de preparar pessoas para o mundo de trabalho, a Instituição de Ensino precisa ir muito além disso, precisa recriar essa relação, com pessoas mais humanas.
No Relatório “Educação para a Cidadania Global 2015”, desenvolvido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a importância dos valores humanos para a formação do indivíduo já havia sido sinalizada:
“O papel da educação deve ir além do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades cognitivas e passar a construir valores, habilidades socioemocionais (soft skills) e atitudes entre alunos que possam facilitar a cooperação internacional e promover a transformação social”.
O QUE É SER MAIS HUMANO?
Ser justo, ético, igualitário, respeitoso, solidário. Inspirar alguém a viver esses valores, desde o ambiente familiar e revisitados na Escola. Mas em qual momento aprendemos a ser assim? Em todos! Ao entrarmos na Escola, respeitamos quem nos ensina e quem organiza os espaços de aprendizagem antes da nossa chegada. Sentimos empatia por quem passa por dificuldades. Estendemos a mão para ajudar. E servimos de exemplo a quem nos rodeia, como uma verdadeira corrente do bem.
É possível aprender algumas dessas habilidades enquanto estamos no recreio, por exemplo. Ou quando praticamos um esporte, mas também durante uma atividade em grupo, um trabalho cooperativo para resolver um problema ou, ainda, na experiência de aprendizagem organizada pelo professor. Quando a Escola é orientada em valores humanos, todas as atividades pedagógicas são organizadas para isso, além do próprio perfil da comunidade educativa.
APESAR DE TANTA DESUMANIZAÇÃO, AINDA É POSSÍVEL ACREDITAR
A educação é um processo de acreditar no outro. Acreditar que ele pode ser melhor do que se apresenta no momento atual. Ensinar é por si só um ato de humanizar e de criar esperança.
É fato que as notícias jornalísticas nos levam a crer que um mundo perfeito só existe em nossa imaginação, mas a Escola retoma a responsabilidade de cada um nesse processo. Se eu enxergo que não há como mudar, estou me autojulgando como incapaz de ser alguém melhor.
Educar é fomentar a esperança e impulsionar a capacidade de realização de cada pessoa. A jornada não é fácil para professores, estudantes e famílias, mas certamente recompensadora para esta e para as futuras gerações.