Ele é um convite profundo e transformador: ensinar Jesus a toda a comunidade educativa – não apenas com palavras, mas com o exemplo vivido no dia a dia.
Esse carisma se expressa por meio de 10 palavras, que orientam e inspiram nossa missão. Elas estão presentes tanto nos momentos de formação quanto nas relações cotidianas, revelando uma espiritualidade concreta, viva e atuante.
As 10 palavras do Carisma Marcelino:
Simplicidade
Significa colocar-se frente ao outro com liberdade de coração, naturalidade e transparência, concedendo-lhe permissão de expressar-se, colocar-se e de errar. Tem como sinônimos a franqueza, a singeleza e a leveza, que são características essenciais da relação educativa. Fazer o bem sem distinção de pessoas, viver de forma desprendida, sem apegos e com o coração livre para acolher a vontade de Deus.
Alegria
É a dimensão do coração que determina o clima de partilha no viver e aprender juntos. A alegria nos permite reconhecer a importância de cuidar da vida interior, além da conquista de um olhar contemplativo sobre a realidade. Fundamenta-se na certeza do amor incondicional de Deus por todos.
Na Espiritualidade Marcelina, toda ação baseada em Marta deve nascer da contemplação inspirada em Maria (cf. Lc 10,38-42); por isso, é próprio da Marcelinidade viver com alegria, pois todo o “fazer” deve acontecer a partir da escuta da Verdade do evangelho. Entende-se que alegria não se traduz apenas em contentamento, mas também em um estado permanente de espírito de uma pessoa que põe sua confiança em Deus. Esse estado de espírito alegre consegue contagiar a todos que estão à volta e tornar o ambiente de convívio leve e prazeroso.
Uniformidade
Ao contrário de conformidade e padronização, a uniformidade é o impulso de todos em direção aos mesmos objetivos. Trata-se do trabalho em equipe, da sinergia entre colaboradores e Irmãs, em um clima de estima e acolhida recíproca. Não é um modo de viver estático, mas, sim, dentro do dinamismo das relações, partindo da escuta e do olhar sensível ao outro, a fim de conseguir alcançar a unidade na diversidade.
Fortaleza
Virtude necessária para viver e educar com firmeza e suavidade. É um modo de exortar a ter coragem e esperança, agindo com serenidade. É a atitude, paciente e tolerante, com a qual se enfrenta as dificuldades de cada dia. É a força de permanecer firme, seja qual for a adversidade, e de saber esperar sem deixar de perseguir os mais altos ideais, buscando discernir e fazer a vontade de Deus.
Evangelizar pela educação
Biraghi nos fala de uma evangelização que atinge o coração, ou seja, o exemplo de vida fala mais alto do que inúmeras palavras. Trata-se de ter dentro de si os valores evangélicos e de viver de tal forma que, nas atitudes do dia a dia, tais virtudes sejam colocadas em prática junto com os ensinamentos de Jesus Cristo. A educação é o meio para ensinar o ser humano a viver em sociedade, por isso a Educação Marcelina deve formar pessoas que atuem na sociedade de acordo com as virtudes da justiça, da humildade, da bondade, do domínio próprio e, acima de tudo, da caridade.
Cuidar da mente e do coração
É um traço da Pedagogia Marcelina. A instrução clara da mente e o cultivo do coração foram os conselhos de Luigi Biraghi às Irmãs catequistas. Hoje, esses conceitos são estendidos a toda a Educação Marcelina, que não prioriza apenas uma dimensão do ser humano, mas busca a sua formação integral. O cuidar da mente, opondo-se a toda forma de ignorância, se refere a construção de uma sólida formação para saber ler e interpretar a realidade e a sociedade na qual se vive, valendo-se de métodos honestos de busca e uma prudente capacidade crítica. Já o cuidar do coração, lugar dos sentimentos mais profundos e da fé, de onde deve partir toda decisão de vida, exige sensibilidade para compreender o outro e capacidade para orientá-lo no encontro com a verdade.
Atenção aos sinais dos tempos
É uma forma de manter e atualizar o carisma no tempo e no espaço. É sobre estar atento às necessidades que emergem da realidade dos estudantes; sobre ser ágil diante das inovações pedagógicas propostas, que, sabiamente integradas, criam um clima, um ambiente simples e familiar no qual a criatividade, a reflexão e o desejo de mudar a sociedade à luz do Evangelho encontram espaço.
Coragem
É uma bela exortação repetida inúmeras vezes nas correspondências dos Fundadores Luigi Biraghi e Marina Videmari. Coragem não é ausência de medo, mas uma força que impulsiona a tomar decisões mesmo diante das incertezas no curso da vida e a enfrentar as realidades, muitas vezes, desafiadoras. Para não ser imprudente, a coragem deve ser buscada com a oração e ancorada na confiança em Deus. No espírito dos fundadores, a coragem é uma virtude que cresce reciprocamente, isso significa que, à medida que esta virtude cresce dentro de nós, tornamo-nos capazes de encorajar também os outros.
Viver Juntos
Estilo de vida que Biraghi propôs ao fundar a Congregação. Refere-se a saber partilhar a vida; observar, com um olhar atento e amável, o cotidiano; ter a consciência de que somos todos irmãos e, ao mesmo tempo, responsáveis pela formação integral do ser humano. É a capacidade cognitiva e emotiva de se colocar à disposição do próximo no conhecer e no sentir.
É estar em meio a todo o público que compõe a escola: estudantes, colaboradores, familiares.
São todos os gestos, palavras e ações, as quais devem ter coerência com o discurso da educação desejada para a sociedade.
Por fim, é sobre ter a clareza no papel exercido dentro da Instituição, sempre respeitando os limites da ética e dos valores cristãos.
Firmeza e Suavidade
Um dos traços da Pedagogia Marcelina. É sobre saber se inserir na vida social de maneira ativa e consciente de seus próprios direitos, necessidades e responsabilidades, reconhecendo ao mesmo tempo o outro como sujeito de direito, as oportunidades comuns e as regras do ambiente. Além disso, esse valor também é sobre compreender os diferentes pontos de vista, sem relativizar ou abrir mão dos valores próprios da Instituição. Por fim, é sobre administrar a conflitualidade, contribuindo para a aprendizagem comum e escutando com empatia, de modo que o outro se sinta acolhido.
Essas palavras não são apenas ideais: são práticas diárias, atitudes concretas que expressam o coração da missão Marcelina.
Que possamos viver esse carisma com autenticidade, fidelidade e alegria, inspirando e transformando a realidade ao nosso redor.